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sol2070

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From Brazil. #scifi #philosophy #nature #politics #tech #fantasy

Costumo ler sci-fi, filosofia, natureza, política, tech e alguma fantasia (George R.R. Martin e Ursula Le Guin). Mais livros no blog → sol2070.in/livros

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sol2070's books

Currently Reading

reviewed Wall by John Lanchester

John Lanchester, John Lanchester: Wall (2019, Faber & Faber, Incorporated) 5 stars

In this taut, dystopian tale, an island nation ravaged by the Change has built an …

Exemplary climate fiction

5 stars

(em português → sol2070.in/2024/04/ficcao-climatica-the-wall/ )

John Lanchester's “The Wall” (2019) is a powerful piece of climate fiction. Without didacticism, it throws us straight into the dystopia, decades in the future, of "an island nation, something like England" where all young people, including women, have to serve two years in the military at a wall that has closed off the country.

We follow young Joseph Kavanagh from his first day in the service to developments that go far beyond the initial premise.

For those unfamiliar with the consequences of the current climate emergency, there is a certain mystery and suspense. The causes that led to the situation or the nature of the main threat are only commented on indirectly. Because the scenario, from the narrator's point of view, doesn't need to be explained.

Even so, being familiar with the predictions of what will happen in a decade or two is not …

Michael Lewis: Sem limites (Paperback, português language, 2024, HarperCollins Brasil) 5 stars

“Quando o aluno esquisito da turma se tornava uma das pessoas mais ricas do mundo, …

Envolvente thriller de não ficção

5 stars

(original com links → sol2070.in/2024/04/ascensao-e-queda-sam-bankman-fried/ )

"Sem Limites" (Going Infinite, 2023), de Michael Lewis, é uma biografia de Sam Bankman-Fried, garoto-propaganda das criptomoedas que teve ascensão e queda vertiginosas. A história vai até sua prisão em 2022 (este ano, foi condenado a 25 anos de prisão por fraude e outros crimes financeiros).

Eu não tinha nenhum interesse especial no assunto ou pessoa, mas livro-reportagem é um dos gêneros que mais gosto. Também acho intrigante o universo TESCREAL. Parecem ideias de ficções distópicas que começaram a vazar para o mundo real. Sam faz parte do movimento Altruísmo Eficaz, uma dessas filosofias. Sua primeira empresa chegou a ser composta exclusivamente por pessoas do grupo.

Essa ideologia casou perfeitamente com o impulso matematizador do bilionário precoce. Ficamos sabendo como, por exemplo, ele calculava as probabilidades de retorno não apenas de cada ação mas também de relações afetivas. Ou como empresas financeiras recrutam negociadores …

Ray Bradbury: Fahrenheit 451 (Paperback, portuguese language, 2012, Globo) 4 stars

Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde …

Profético

5 stars

(original com links → sol2070.in/2024/04/A-profecia-de-Fahrenheit-451 )

O livro "Fahrenheit 451" (1953), do mestre Ray Bradbury, é outra clássica ficção distópica que demonstra o poder profético de ficções especulativas de mais de 70 anos atrás.

Não sei porque demorei tanto para ler, já que alguns contos fantásticos de Bradbury me impactaram ainda na adolescência.

O futuro que ele imaginou em 1953 parece muito próximo, se já não estiver acontecendo. Os horrores de um governo hediondo são camuflados através de um embotamento generalizado das pessoas. Livros são queimados como objetos proibidos e as pessoas que os possuem são condenadas como subversivas.

Acompanhamos a trajetória de Guy Montag, um dos agentes militares responsáveis por essa incineração e perseguição — tarefas que passaram a ser responsabilidade dos bombeiros. É uma das mais poderosas histórias de conversão que já vi, concentrando todo o talento de Bradbury como um mágico contador de histórias.

Apesar de o …

Luiz Marques: O Decênio Decisivo (Paperback, português language, Elefante) 5 stars

O decênio decisivo reúne, com grande rigor científico, uma quantidade imensa de dados que estão …

O que fazer diante do colapso?

4 stars

(original com links → sol2070.in/2024/04/decenio-decisivo-luiz-marques/ )

Em "O Decênio Decisivo" (2023), o historiador Luiz Marques demonstra porque a civilização humana tem até 2030 para reverter radicalmente sua direção autodestrutiva, no contexto da emergência climática e da extinção em massa de espécies. Sem isso, a escalada exponencial do desastre é certa. Também lista as medidas sociopolítico-econômicas necessárias.

É um trabalho rigoroso e preciso de compilação e síntese das melhores pesquisas no mundo, não é uma tese do autor.

Considerando a enormidade da tarefa, o resultado impressiona, ficando em pé de igualdade com os melhores livros de autores do norte global. Também intimida, devido ao inevitável despejo de listas, gráficos e citações de relatórios e cientistas. Apesar de o público-alvo não ser a academia, acabou sendo uma leitura mais acadêmica do que esperava. Mais do que sua obra anterior "Capitalismo e Colapso Ambiental" (2018), focado em demonstrar como a raiz do colapso …

Ursula K. Le Guin: Floresta é o Nome do Mundo (EBook, Português language, 2019, Morro Branco) 4 stars

VENCEDOR DO HUGO AWARD

O planeta Athshe era um verdadeiro paraíso, coberto por densas e …

Mais relevante do que nunca

5 stars

(original com links → sol2070.in/2024/04/floresta-e-o-nome-do-mundo-ursula-le-guin/ )

"Floresta é o Nome do Mundo" (The Word for World Is Forest, 1972) é uma das consagradas ficções da imortal Ursula K. Le Guin. Ganhou o prêmio Hugo, talvez os mais importante da literatura de ficção científica. Como o nome e capa (da bela edição da Morro Branco) sugerem, é uma história ecológica.

Hoje, 52 anos depois da publicação, a sinopse pode soar batida: homens com as piores intenções aterrizam num planeta de natureza prístina e são confrontados pelo povo nativo alienígena. Como em Avatar, a tragédia básica por trás desse contexto interestelar é a velha e recorrente exploração geno-ecocida — também muito viva fora da ficção, principalmente em regiões onde ainda há florestas e indígenas, como o Brasil.

O que faz toda a diferença é Le Guin, com sua sutil sensibilidade para interações entre corações e mentes, o olhar mágico da natureza e …

replied to Marte's status

@bismuto Verdade, não teria como uma sociedade sem desigualdade surgir de uma desigual. Mas gradualmente acho que seria possível. Por exemplo, na Europa já houve vários experimentos com assembleias de consenso, para a decisão de questões nacionais como políticas ambientais ou sobre aborto etc. Essas assembleias são muito próximas do modo anarquista de fazer política, baseado em consenso, não em voto. Os governos que apoiaram isso são social-democratas, com menos desigualdade. Então, uma abordagem não revolucionária seria essa, emplacar cada vez mais governos verdes ou social-democratas, que são mais abertos à decentralização, que no final leva ao anarquismo. Tem a via revolucionária também. Outra possibilidade inegável é a de um colapso mais generalizado, em que modelos anarquistas possam emergir depois. Na verdade, pra mim anarquismo é mais como um ideal ou utopia de sociedade. Mesmo que seja algo muito distante da realidade, vale a pena não perder essa possibilidade de …

reviewed The Bezzle by Cory Doctorow (Martin Hench, #2)

Cory Doctorow: The Bezzle (EBook, 2024, Tor Books) 5 stars

The year is 2006. Martin Hench is at the top of his game as a …

Clever and very relevant page-turning political tech thriller

5 stars

(em português → sol2070.in/2024/03/resenha-livro-the-bezzle-cory-doctorow/ )

"The Bezzle" (2024) is the latest fiction by Cory Doctorow. It's a clever and very relevant page-turning political tech thriller.

It's the second book featuring protagonist Martin Hench, a kind of digital detective who uncovers intricate corporate scams. The first was "Red Team Blues" (2023).

It's a prequel, even better than the previous one. It begins at the time of the internet bubble at the end of the 90s and goes up to the mid-2000s. The central plot involves the corrupt privatisation of the US prison system (which actually took place), creating a horrific techno-dystopian incarceration that would cause envy for today's big techs.

It's one of those books that's hard to put down, even though it lays descriptions even of the lustre of a tie or the filling of an unusual sandwich (makes you hungry).

As a bonus, there are some tasty psychedelic adventures. …

replied to Marte's status

@bismuto "Os anarquistas acreditamos em um mundo (completamente) sem privilégios; ultimamente, tenho começado a me perguntar se isso seria de fato possível, em um mundo com contradições reais."

Sabe uma leitura enriquecedora sobre isso? "O Despertar de Tudo", de D. Graeber. velhaestante.com.br/book/24079/s/o-despertar-de-tudo É um tijolo que traz uma overdose de informação. Ou seja, não é fácil. Mas um dos temas centrais é que sociedades complexas e enormes do passado chegaram bem perto do ideal anarquista. Anarquismo não era coisa só de bandos ou tribos pequenas. Se isso foi possível no passado -- mesmo com dinâmicas sociais complexas como agricultura, administração pública e mercados -- por que não seria possível novamente? Um objetivo principal do livro é desfazer o mito de que a desigualdade e a hierarquia são males necessários no progresso de uma sociedade.

Luiz Marques: O Decênio Decisivo (Paperback, português language, Elefante) 5 stars

O decênio decisivo reúne, com grande rigor científico, uma quantidade imensa de dados que estão …

O título do relatório de 2019 do Institute for Public Policy Research (IPPR), de Londres, chama corajosamente nossa época pelo seu nome: “a idade do colapso ambiental” (the age of environmental breakdown). Eis o que é essencial compreender sobre o colapso socioambiental em curso:

  1. o colapso ambiental não é um evento com data marcada para ocorrer. Trata-se do processo em que estamos. Esse processo é sutilmente pontuado por sucessivos estágios de agravamento em intensidade, amplitude e frequência de suas manifestações e impactos. Mais importante que tudo: embora gradual, essa sucessão de estágios se caracteriza por sua aceleração e por evoluir de modo não linear (e tendencialmente exponencial), condicionada que é por inúmeras alças de retroalimentação. Disso decorre a certeza de que, mantida a atual trajetória, a situação das sociedades ao final deste decênio será (muito) mais crítica do que em seu início;

  2. a principal consequência dessa aceleração é que o tempo se torna, aos poucos, a principal variável na avaliação dos riscos. O tempo é, hoje, nosso maior inimigo. Como afirmado na seção anterior, a especificidade de nosso tempo reside justamente em nossa decrescente capacidade de mitigar os crescentes desequilíbrios dos sistemas físicos e biológicos. Portanto, na ausência de uma mudança de trajetória radical e imediata, ou de curtíssimo prazo, as ações humanas voltadas para a reversão desse processo precisarão ser cada vez mais radicais e serão cada vez menos efetivas, até se tornarem, caso continuem a ser retardadas, quase irrelevantes;

  3. mudar nossa trajetória de colapso requer não apenas parar de destruir a natureza agora, mas nos empenhar em reconstruir, na medida do possível, o que foi destruído desde ao menos a década de 1950. Se os últimos setenta anos foram os anos da “Grande Aceleração”, ou seja, da “Grande Destruição”, os próximos decênios terão de ser os da “Grande Restauração”. É preciso apostar que isso ainda é possível. Essa aposta é, contudo, razoável se, e somente se, como indivíduos e como sociedade globalmente organizada, reagirmos com presteza e à altura do que exige agora a emergência climática e demais emergências socioambientais.

O Decênio Decisivo by 

reviewed Glória by Victor Heringer

Victor Heringer: Glória (Paperback, Portuguese language, 2018, ‎Companhia das Letras) 4 stars

A crônica de uma família no Rio de Janeiro que compartilha o humor particular e …

Talento assombra

5 stars

Fiquei muito empolgado e, ao mesmo tempo, triste ao descobrir o escritor brasileiro Victor Heringer. Seu domínio com as palavras e a arte da ficção assombra. Mas morreu aos 29 anos, em 2018.

"Glória" (2012) é uma sátira social como nunca tinha lido, entre autores do Brasil. Dessas de dar gargalhadas, com engenhosidade aguda.

Conta a história de uma família acostumada a um sarcasmo zombeteiro que nada perdoa. Todos os antepassados morreram de “desgosto”, e Benjamin começa a lidar com esse destino agora na geração mais jovem. A sátira também não deixa de ter um fundo sério e dramático, levando em conta o tema central da depressão, com suas ramificações sociais e existenciais.

Se Machado de Assis estivesse vivo, poderia ter escrito algo como "Glória", já que o timbre machadiano é praticamente uma homenagem.